Jorge Zalszupin Polonais/ Brésilien, 1922-2020

Biografia

Nascido em 1922 na Polónia, Jorge Zalszupin experimentou um destino difícil antes de encontrar um lugar para dar liberdade à sua criatividade. De fato, as dificuldades ligadas à Segunda Guerra Mundial obrigaram a sua família a exilar-se em 1940 na Roménia. Lá ele encontrou a oportunidade de se formar na Escola de Belas Artes de Bucareste, depois na Faculdade de Arquitetura. Em 1945, partiu novamente, desta vez para Paris. Como jovem arquiteto, participou na reconstrução dos edifícios destruídos na cidade de Dunquerque.

Mas a sombra da guerra pesava sobre ele, tal como os fortes laços com o passado da arquitetura europeia. Em busca de algo novo, um lugar para recomeçar com um estilo livre de más recordações, Zalszupin descobriu Oscar Niemeyer em 1949, numa edição da revista "L'Architecture d'Aujourd'hui". Foi uma revelação, tanto formal como estética, assim como uma resposta à sua necessidade de um país para se instalar.

Decidiu partir novamente, desta vez para um "novo mundo" onde as oportunidades para realizar a sua ambição criativa pareciam mais favoráveis.

Após uma breve estadia no Rio de Janeiro, instalou-se finalmente em São Paulo para iniciar uma década de trabalho como designer e decorador de interiores.

Com esta experiência, em busca de mobiliário com formas, materiais e funções resolutamente modernas, ele decidiu criar o seu próprio mobiliário. Abriu o "L'Atelier Moveis" em 1959, cujo nome referia-se à filosofia da Bauhaus, entre o artesanato e a arte, entre a inovação técnica e a visão estética.

Aí conseguiu criar um desenho correspondente às suas expectativas, uma estética orientada para o conforto e o modo de vida suave, um equilíbrio entre o apelo da natureza com o uso de madeiras preciosas típicas do Brasil, em particular Jacaranda da Bahia, e curvas que traduzem a sua necessidade de utopia e o ideal.

Se as suas primeiras criações permanecem muito próximas do ofício, como revela a sua cadeira Dinamarquesa, cuja forma e complexidade do trabalho em madeira são uma homenagem a Finn Juhl, ainda seguindo a inspiração escandinava, a descoberta e importação para o Brasil da técnica da madeira termoformada permitiu-lhe criar as suas formas orgânicas favoritas.

Os anos 60 foram marcados pelo seu estilo fortemente orgânico, onde a madeira curvada à sua vontade criativa lhe permitiu expressar o seu sonho de um mundo mais sensível, mas também acessível ao maior número de pessoas através do início da produção em massa.

O seu design inovador foi feito para se encontrar e se unir às realizações arquitetônicas de Oscar Niemeyer.

Os anos 60 foram uma década em que L'Atelier obteve grande sucesso e forte crescimento, impulsionado por encomendas de mobiliário para mobilar as criações de Oscar Niemeyer, particularmente os edifícios administrativos e de habitação da nova capital do país, Brasília.

Nessa altura, o L'Atelier chegou a ter 200 empregados e atingiu uma dimensão que lhe permitiu investir em ferramentas industriais ligadas à técnica do folheado de madeira termoformada, graças à qual Zalszupin produziu as suas criações icônicas: o Banco Onda, as poltronas e sofás Presidencial, a mesa Pétalas, etc.

Sempre em busca de uma nova expressão, o designer também utilizou a técnica de folhear pequenas tiras de madeira, principalmente com o Jacaranda da Bahia, para aproveitar as variações cromáticas oferecidas por esta belíssima madeira para criar um efeito textural dinâmico com um único material. Uma obra que lembra o trabalho de Abraham Palatnik, o mestre brasileiro da arte cinética. Zalszupin utilizará esta invenção em prateleiras, várias peças de mobiliário e especialmente a sua famosa e procurada mesa de Guanabara, onde a parte superior feita de retalhos de jacaranda repousa sobre uma base sólida de cimento revestida de couro.

A sua sensibilidade a uma era de mudança reflete-se na sua criação de estantes modulares, um símbolo do mobiliário na rápida expansão e desenvolvimento do Brasil.

Sempre de acordo com o dinamismo do período e o apelo do setor terciário para mobiliário específico, Zalszupin imagina peças que podem ser executadas em várias versões, algumas destinadas ao mobiliário de escritório e outras mais orientadas para o uso doméstico. Por exemplo, a poltrona do Commander, com rodas como uma cadeira de escritório ou sobre uma base de aço para uma sala de estar.

Sempre em busca de novos materiais que lhe dessem maior liberdade criativa, Zalszupin concebeu as costas e o assento deste modelo para ser feito de uma concha de fibra de vidro. Os apoios de braços e pernas são em aço pintado e lacado, e as almofadas são em couro. Composição de vários materiais que originou uma peça muito eficiente, moderna e até vanguardista ao pensarmos o fato de que esta poltrona possui uma estética bom próxima dos anos 80 e do universo do cinema de Blade Runner ou de Guerra das Estrelas.

Tendo vivido e marcado uma era particularmente criativa tanto pelo seu estilo como pela sua procura da utopia social, foi com a idade de 98 anos que Zalszupin nos deixou em 2020 na cidade de São Paulo, ainda com o seu bilhete de navio de volta para a França, que ele jamais utilizou.

Obras